quarta-feira, março 01, 2006

A química do processo digestório

A função do sistema digestório é fragmentar os alimentos em pedaços cada vez menores para que eles possam ser absorvidos pelo organismo. Além disso, é também responsável pela absorção dos nutrientes e pela eliminação, na forma de fezes, de resíduos, toxinas e parasitas que vivem em nossos intestinos.
Na boca é que acontecem as primeiras fragmentações (mecânica e química) dos alimentos.
A fragmentação mecânica (mastigação) é feita pelos dentes, auxiliada pelo movimento da língua. Nesta etapa, os alimentos são triturados e misturados à saliva.
Além de umedecer o alimento, facilitando a deglutição, a saliva é responsável pela fragmentação química dos alimentos. Esta fragmentação se dá por ação de enzimas como a ptialina, que fragmenta os carboidratos maiores, como o amido (que não é doce), em açúcares menores, como a sacarose (açúcar comum) e a glicose. Já as vitaminas, sais minerais e água não são e nem precisam digeridos, pois seu tamanho permite que sejam absorvidos pelo organismo.
O alimento triturado, umedecido e parcialmente digerido, inicia sua trajetória através da faringe, passando pelo esôfago e chegando ao estômago, onde existe o suco gástrico.
No estômago, as transformãções químicas que os carboidratos vinham sofrendo desde a boca diminuem muito devido ao pH do estômago. Isso ocorre porque a alta acidez (pH 1,8 a 2,0), aliada a outras enzimas presentes no estômago (pepsina, por exemplo), inicia a fragmentação das proteínas, que até então não haviam sofrido nada. Elas são transformadas em aminoácidos.
As paredes do estômago também são constituídas de proteínas. No entanto, elas não são digeridas pelo suco gástrico porque existe uma mucosa que as protege. Se por algum motivo a acidez aumentar muito (pH 1,0 a 1,6), a mucosa pode não resistir, principalmente se esse aumento da acidez se tornar rotineiro. Acredita-se que esse seja um dos fatores responsáveis pelo agravamento de problemas como a úlcera e a gastrite, que são causados por uma bactéria chamada Helicobacter pylori. Caso o aumento da acidez seja ocasional, pode-se combatê-lo usando um antiácido.
Os lipídios (óleos e gorduras), juntamente com o resto de proteínas e carboidratos, terminam de ser digeridos no intestino delgado, que secreta o suco intestinal (que também contém enzimas). O pâncreas secreta, também no intestino delgado, o suco pancreático, que contém enzimas e transforma os lipíidios em ácidos graxos (R-COOH) e em glicerol (ou glicerina, C3H8O3) com a ajuda da bile. A bile é produzida pelo fígado e armazenada na vesícula biliar.
É no intestino delgado que ocorre a maior parte da absorção dos nutrientes obtidos com as fragmentações dos alimentos. A superfície dos intestinos é repleta de vilosidades, que contêm microvasos sanguíneos (capilares), através dos quais os nutrientes (com exceção dos lipídios digeridos) chegam ao sangue e são levados ao fígado, onde são temporariamente armazenados, para depois retornarem ao sangue.
Os ácidos graxos (RCOOH) e o glicerol (C3H8O3), resultantes da digestão dos lipídios, são transportados até as células através dos vasos linfáticos, que também existem nas vilosidades da superfície do intestino delgado. Esses ácidos graxos e o glicerol darão origem a novos lípídios, que formarão o tecido adiposo, que ajudará a manter a temperatura corporal estável e servirá também como uma "reserva de energia".
Os aminoácidos servirão para formar novas proteínas, necessárias para a "construção" de novos tecidos, para o transporte de oxigênio para as células (hemoglobina), para a formação de enzimas vitais para as transformações químicas que ocorrem em nosso organismo, e muito mais.
A glicose (C6H12O6), obtida geralmente pela fragmetnação de outros carboidratos e necessária ao bom funcionamento do organismo, servirá como principal fonte de energia para as células.
As toxinas produzidas durante a digestão serão eliminadas na forma de fezes. No entanto, se estas toxinas permanecerem por muito tempo no aparelho digestório, elas podem ser absorvidas pela corrente sanguínea. Estas toxinas comprometem o bom funcionamento do organismo, podendo dar origem, entre outras conseqüências, ao aparecimento de cravos e espoinhas. É o caso de quem tem prisão de ventre ou daqueles que consomem muitos alimentos ricos em proteínas (como a carne) e poucos alimentos ricos em fibras (como as verduras).